Canto

poema de Carlos de Oliveira (1945)
música de Pedro Rodrigues (2012)

Cantar é empurrar o tempo ao encontro das cidades futuras
fique embora mais breve a nossa vida

Tu, coração não cantes menos
que a harmonia da terra
Nem chores mais
que as lágrimas dos rios


Canto de Esperança

Letra: Mário Dionísio
Música: Fernando Lopes Graça
Marchas Danças e Canções, 1946 (retirado de circulação pela PIDE)

Dentro de mim e de ti
algo de novo estremece,
a vida abre-se e ri
na hora que se entretece.

Vultos parados e sós
mudez da alma sozinha,
tomai o corpo e a voz
da vida que se adivinha.

Canta mais alto, avança e canta,
lança-te à marcha, não te afastes.
Mistura a tua voz à voz que se levanta
das chaminés e dos guindastes.

Rasgam-se os céus e a terra,
a esperança cai e refaz-se.
É o grito duma outra guerra:
canto do homem que nasce.

Tomam forma consistente
as ilusões encobertas.
Caminha, caminha em frente
Para as novas descobertas.

Canta mais alto, avança e canta,
lança-te à marcha, não te afastes.
Mistura a tua voz à voz que se levanta
das chaminés e dos guindastes.

Molda em teus dedos leais
um destino à tua imagem.
Ao ódio dos vendavais
ergue uma viva barragem.

Da lama do tempo imundo
arranca a felicidade.
Homens humanos do mundo!
Homens de boa vontade!

Canta mais alto, avança e canta,
lança-te à marcha, não te afastes.
Mistura a tua voz à voz que se levanta
das chaminés e dos guindastes.


Cio da Terra

Letra e música: Chico Buarque e Milton Nascimento

Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão

Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel

Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão


Dimmi bel giovane

sub-intitulado “Exame de admissão de um voluntário à Comuna de Paris”
texto de Francesco Bertelli, 1871
música: anónimo
arranjo: coro da Achada

Dimmi bel giovane
onesto e biondo
dimmi la patria
tua qual’è
tua qual’è

Adoro il popolo
la mia patria è il mondo
il pensier libero
è la mia fe’
è la mia fe’

La casa è di chi l’abita
è un vile chi lo ignora
il tempo è dei filosofi
il tempo è dei filosofi

La casa è di chi l’abita
è un vile chi lo ignora
il tempo è dei filosofi
la terrà è di chi la lavora.

Addio mia bella
casetta addio
madre amatissima
e genitor
e genitor

Io pugno intrepido
per la comune
come Leonida
saprò morir
saprò morir

Francesco Giuseppe Bertelli nasceu em Vecchiano (Pisa) 1 de Fevereiro de 1836. Voluntário na Terceira Guerra de Independência (1866). Tenente garibaldino em Mentana (1867). Segue Garibaldi para Francia na guerra Franco-Prussiana. Depois dos acontecimentos da Comuna de Paris volta a Vecchiano (1871). Em Vecchiano promove a constituição da “Unione Democratica Sociale”. Sempre vigiado pela polícia, é preso repetidamente por fazer propaganda considerada “subversiva”. Em 1875 é preso, surpreeendido a distribuir cópias da sua poesia contra a pena de morte. A experiência francesa e os ecos da tragédia dos communards toca-o profundamente e como testemunho escreve uma célebre poesia intitulada “Esame d’ammissione del volontario alla Comune di Parigi” (“Exame de admissão de um voluntário à Comuna de Paris”) da qual resta na memória local de Vecchiano uma redução livre do título “Dimmi bel giovane”. Escreveu muita poesia, em parte perdida.


Imagine

play

John Lennon
Adapted and updated version

Imagine there’s no heaven
It’s easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today…

You may say we’re dreamers *(say we’re dreamers)*
But we’re not the only ones
Maybe someday you can join us
And the world could be as one

Imagine there’s no countries
It isn’t hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Sharing all the world…

You may say we’re dreamers
But we’re not the only ones
Maybe someday you’ll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
We still wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man_kind_
Imagine all the people
Loving every one…

You may say we’re a dreamers
But we’re not the only ones
Maybe someday you will join us
And the world will live as one


Little Boxes

de Malvina Reynolds (1962)

Little boxes on the hillside,
Little boxes made of ticky tacky,
Little boxes on the hillside,
Little boxes all the same.
There’s a pink one and a green one
And a blue one and a yellow one,
And they’re all made out of ticky tacky
And they all look just the same.

And the people in the houses
All went to the university,
Where they were put in boxes
And they came out all the same,
And there’s doctors and lawyers,
And business executives,
And they’re all made out of ticky tacky
And they all look just the same.

And they all play on the golf course
And drink their martinis dry,
And they all have pretty children
And the children go to school,
And the children go to summer camp
And then to the university,
Where they are put in boxes
And they come out all the same.

And the boys go into business
And marry and raise a family
In boxes made of ticky tacky
And they all look just the same.
There’s a pink one and a green one
And a blue one and a yellow one,
And they’re all made out of ticky tacky
And they all look just the same.


Maio

letra: Aníbal Raposo (2013-05-01)
música: Pedro Rodrigues

eu canto um maio moço,
um mês que cheire a rosas
vermelhas, orvalhadas,
recentes e viçosas.

um maio de alvoroço,
um maio-mar-de-gente
a liberar o sonho,
erguida, finalmente.

eu canto o maio ansiado,
aquele que há de vir,
um maio renovado,
maio-menino a rir.

um maio desenvolto,
um maio-meio-céu,
maio maduro, solto
desta noite de breu.


Natal dos Simples

Zeca Afonso

Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
As raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
As raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pao e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura